terça-feira, 15 de outubro de 2013

Cantoras Brasileiras de todos os tempos

Cantoras brasileiras  cada qual com seu estilo e talento em suas épocas. Cantoras consagradas e atuais. Cantoras que sofreram na ditadura e as que lutaram pela democracia.
Vamos mostrar um pouco sem uma ordem cronológica  vozes que fizeram parte da nossa historia no passado e hoje. Dividimos em três  post para falar um pouquinho de cada uma.
Carmen Miranda
Em uma época de dificuldades infinitamente superiores, Carmen foi a voz e a imagem do Brasil no exterior. Nascida em Portugal, foi no Rio de Janeiro que ela começou a carreira no começo da era de ouro das cantoras do rádio, em meados dos anos 30 – quando já havia feito sucesso com a icônica marcha carnavalesca “Pra Você Gostar de Mim (Taí)” e registrado dezenas de outras canções em disco. Com essa energia que transformava as letras melancólicas em hits dançantes dos bailes, Carmen fez uma transição rápida para o cinema  e logo também pulou para a Broadway e Hollywood. Passou a cantar também em inglês e, mesmo com o sotaque arrastado, conquistou a simpatia ianque. Deveria, então, uma portuguesa de sucesso nos Estados Unidos estar nesta lista de brasileiros? “Carmen Miranda me ensinou que uma gringa pode ser a mais brasileira de todas”, decretou Rita Lee à Rolling Stone, em 2007.

 Inezita Barroso
O trabalho de pesquisa, registro e divulgação do folclore musical do Brasil que Inezita faz há décadas é monumental. Ela segue resoluta pela estrada de chão batido que a levou ao coração do país para resgatar modas de viola, pagodes caipiras e outros ritmos. A voz de contralto de Inezita tem o cheiro do mato e a amplidão dos campos. É a rainha inconteste da verdadeira canção rural brasileira.

Dona Ivone Lara
São mais de 90 anos de samba, e Dona Ivone Lara exibe com graça tanto tempo vivido não só na habilidade com que interpreta as canções, como também na naturalidade entregue a cada nota, com a elegância de uma voz que poderia ser frágil, mas é inteligentemente imprecisa e subjetiva. Além de compositora de importante obra, ela também é uma realeza popular, que desfila e angaria reverências já no respeitoso nome que carrega por onde passa.

 Aracy de Almeida
Aracy de Almeida  começou a carreira nos anos 30, gravando obras-primas do compositor Noel Rosa, Com ele teve grande convivência e dele gravou muitas músicas. Era chamada de:"A Dama da Central", pois somente viajava de trem e quase sempre pela Central do Brasil. Noel Rosa disse numa entrevista a Orestes Barbosa, que Aracy de Almeida, que muitos chamavam de Araca, era sua melhor interprete.
Até hoje, a voz boêmia de Aracy é veículo perfeito para expressar dores de amores e as infindáveis noites nos botequins.

Angela Maria
Começou cantando em coro de Igreja. Enquanto trabalhava numa fábrica de lâmpadas, participava, às escondidas, de programas de calouros. Adotou o nome de Ângela Maria para não ser identificada pela família. Como ganhava todos os concursos, foi cantar no famoso Dancing Avenida e depois na rádio Mayrink Veiga. 
Angela Maria consagrou-se como uma das grandes intérpretes do gênero samba-canção (surgido na década de 30), ao lado de Maysa, Nora Ney e Dolores Duran. 

Dalva de Oliveira
A arte como imitação da vida. As canções doloridas que Dalva de Oliveira entoava com sua voz imensa refletiam fielmente sua própria vida amorosa turbulenta. A batalha que ela travou através dos discos com Herivelto Martins, depois da separação do casal, registrou uma das mais tempestuosas e célebres relações da nossa música. Mais do que os detalhes controvertidos da biografia da cantora, o que interessa são as gravações. Com Herivelto e Nilo Chagas, Dalva formou em 1937 o histórico Trio de Ouro. O maior sucesso do grupo, “Ave Maria no Morro”, descobre beleza em um cenário de pobreza, o das favelas do Rio, em afirmação poética e existencial de grande valor. No final dos anos 40, partiu para uma carreira solo repleta de êxitos comerciais e artísticos. Com lindo timbre e vigoroso vibrato na voz, Dalva sabia utilizar recursos dramáticos com eficiência e como ninguém.

Nana Caymmi
Dinair Tostes Caymmi já nasceu cantando. Afinal, ela vem de um dos berços mais esplêndidos da música brasileira. Filha de Dorival Caymmi, cantor e compositor baiano, Nana recebeu de presente do pai, ainda criança, a linda canção “Acalanto”, a qual, aos 19 anos, gravou com ele, o que praticamente marcou o início de sua carreira. Desde então, sua voz potente e de respiração perfeita marcou várias composições do pai. Contralto da maior grandeza, ela chamou atenção em 1966 ao vencer o I Festival Internacional da Canção, da TV Globo, interpretando “Saveiros”, composição do irmão Dori Caymmi e de Nelson Motta. Outro momento marcante da carreira foi, na década de 1990, quando excursionou com Dori e o outro irmão, Danilo. Inúmeras vezes premiada como a melhor cantora do ano, Nana não poderá ser jamais esquecida em qualquer lista que se faça das grandes vozes femininas brasileiras.

Clementina de Jesus
Clementina fez sua primeira gravação, ao vivo, somente aos 63 anos de idade, em 1964. Aprendeu com a mãe os cantos de trabalho, jongos (cantados na língua africana bantu) e pontos de umbanda e candomblé, ao mesmo tempo em que fazia parte do coro de uma igreja católica. Isso faz com que sua voz trovejante representasse a mistura de credos e raças do país, especialmente no cenário do começo do século 20, com a nossa cultura popular ainda sob forte influência africana. Neta de escravos, Clementina pegou do continente africano alguns detalhes do seu jeito de cantar e chegava a ser repreendida nas casas onde trabalhou – uma das patroas chegou a pedir para ela parar com os “miados”. Ao se ouvir gravada pela primeira vez, na casa de Herminio Bello de Carvalho, percebeu que de miado sua voz não tinha nada.

Celly Campelo
Celly Campelo nunca escondeu suas raízes interioranas – ela, ao lado do irmão Tony, nasceu em Taubaté, em São Paulo. Mas não enveredou pela música regional e sim pelo rock, tendo êxito com versões para hits internacionais. A voz de Celly foi mais ouvida no pop brasileiro pré-jovem guarda.

Elizeth Cardoso
Padrão e sólida referência do canto feminino brasileiro, por conta da estilosa voz de contralto que roçava os tons de mezzo-soprano, Elizeth Cardoso lançou em um disco de 1958 a revolucionária batida diferente do violão de João Gilberto. Mas àquela altura a Divina, epíteto da cantora carioca descoberta por Jacob do Bandolim em fins dos anos 30, já havia feito seu nome ao gravar outras canções do amor demais. Sem se limitar aos sambas-canção, gênero predominante na primeira fase de sua discografia, Elizeth transitou com seu canto apurado por samba, choro-canção, MPB e até pelas Bachianas de Villa-Lobos. Mas jamais se esqueceu de dar voz aos maiores compositores da era do rádio. Foi o período que a projetou em escala nacional nos anos 50 a partir da gravação de “Canção do Amor”. Única, Elizeth cantou divinamente a trilha sonora de sua época.

Fafa de Belem
O sorriso largo chama a atenção, mas não tanto quanto o cantar grave e potente de Fafá. Abraçando as raízes do Norte em diversos momentos da carreira, ela não se limitou, porém, a regionalismos. Ainda menor de idade, começou a viajar para cantar. Quando, em 1975, teve incluída na trilha de Gabriela a música “Filho da Bahia” (de Walter Queiroz, redescoberta hoje graças ao remake da novela) foi ouvida em nível nacional. O primeiro disco só viria no ano seguinte.

Vanusa
Não se engane: Vanusa não é piada pronta, mas sim uma das mais subestimadas cantoras da nossa música. O problema é que ela começou na era da jovem guarda, um movimento que nunca ganhou muito respeito por parte da crítica. A voz única, expressiva e com dicção perfeita, realmente desabrochou na década de 70, quando passou a interpretar canções mais “adultas”. Atualmente, os discos antigos de Vanusa são um vasto oceano de maravilhas a serem redescobertas.

Wanderléia
Assim como Celly Campelo, Wanderléa transmitia musicalmente para as garotas de sua geração as sensações de ser jovem e estar vivendo em tempos maravilhosos. Mas se Celly personificava uma atmosfera inocente, Wanderléa era a voz de tempos mais livres, como foram os anos 60. Mesmo sem um alcance vocal que impressionasse, ela sabia como “vender” uma canção, e por isso tornou-se o ícone feminino mais famoso da jovem guarda.

Elba Ramalho
O vibrato e o sotaque são carregados pela paraibana Elba Ramalho nestes mais de 30 anos de carreira com a mesma garra com que o sertanejo atravessa o solo árido pelo horas a fio em busca de água. Elba vagou por xote, maracatu, frevo, baião, forró e chegou à MPB calejada e com personalidade grande. Nas canções românticas, pepitas dentro de um repertório dançante, ela mostra seu maior dom: cantar com paixão desesperadora, capaz de fazer brotar lágrimas em marmanjos.

Zélia Ducan
A cantora nascida em Niterói representa um filão interessante na prateleira das vozes femininas que surgiram na década de 90. Dona de vocais graves com traços de rouquidão, passeia com flexibilidade em sonoridades diversas. Ela se sai bem no folk, pop e samba. O estilo discreto de seu vocal é um contraponto para interpretações desenvoltas nos palcos. Sempre fugindo do óbvio, Zélia faz incursões elegantes por repertórios alheios e já casou sua voz em inúmeras parcerias.

Sandra de Sá
Assim como Sandra de Sá sempre faz questão de salientar suas origens no seu visual, na voz também está escancarada a negritude orgulhosa habilmente traduzida nas muitas notas que a cantora consegue atingir  desde um grave poderoso ao agudo estridente. Sandra faz o que quer com as notas e tem um balanço cativante no palco em uma explosão de ritmos. E além disso, também não tem nenhum medo da breguice ao ser completamente passional.

1 comentários:

Beleza de blogue.
Viste o meu:
Travessia: http://blogdabethmuniz.blogspot.com.br/
Um abraço.

Postar um comentário

Twitter Facebook Favorites